Autismo e TDAH: Onde os Transtornos se Cruzam no Ambiente Escolar e Não São Percebidos Pelo Docente

No cotidiano das salas de aula, é comum que certos comportamentos dos alunos sejam interpretados de forma equivocada. A agitação constante pode ser vista apenas como “energia de sobra”; a dificuldade de concentração, confundida com desinteresse ou preguiça; e o isolamento social, muitas vezes, é atribuído à timidez. No entanto, por trás dessas manifestações podem estar transtornos importantes, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que exigem um olhar atento e qualificado por parte do educador.

Sinais que Passam Despercebidos

Autismo e TDAH são transtornos distintos, mas que compartilham algumas características comportamentais, o que pode dificultar sua identificação, especialmente quando os sinais são sutis. No ambiente escolar, essas manifestações podem incluir:

• Dificuldade de concentração: pode ser confundida com falta de interesse ou desatenção voluntária;

• Comportamentos impulsivos: vistos como má educação ou indisciplina;

• Dificuldade em seguir regras sociais: interpretadas como desobediência;

• Isolamento social: atribuído à timidez natural da infância;

• Resistência a mudanças: impacta a adaptação escolar, mas pode ser desvalorizada;

• Agitação excessiva: rotulada apenas como hiperatividade infantil.

Essa confusão pode gerar um ciclo de julgamentos e intervenções inadequadas, que não contribuem para o desenvolvimento da criança — pelo contrário, podem acentuar suas dificuldades emocionais, sociais e cognitivas.

A Importância da Formação Docente

A escola é um dos principais espaços de observação do comportamento infantil. Por isso, os professores desempenham um papel crucial na identificação precoce de possíveis sinais de TDAH ou TEA. No entanto, para que essa atuação seja eficaz, é essencial que os docentes sejam capacitados para reconhecer os sinais que vão além do comportamento aparente.

Mais do que aplicar estratégias pedagógicas, é necessário desenvolver uma escuta sensível, observar padrões de comportamento e compreender como as neurodivergências se manifestam de maneira diversa em cada aluno. A formação continuada em temas como neurodesenvolvimento, inclusão escolar e práticas pedagógicas adaptadas é uma ferramenta essencial para ampliar esse olhar.

Onde os Transtornos se Cruzam?

Embora sejam diferentes, TDAH e TEA podem se sobrepor em diversos aspectos. Crianças com TDAH, por exemplo, também podem apresentar dificuldades nas interações sociais e na regulação emocional — características típicas do TEA. Já crianças com TEA leve podem manifestar hiperatividade ou impulsividade semelhantes às observadas no TDAH.

Esse cruzamento de características pode gerar confusões diagnósticas e dificultar intervenções adequadas se os sinais não forem observados de forma criteriosa. Por isso, o trabalho em conjunto com equipes multidisciplinares — psicopedagogos, psicólogos e neurologistas — é essencial para garantir uma abordagem integrada.

Conclusão

A escola precisa ser um espaço de acolhimento e compreensão da diversidade. Quando o professor está capacitado para reconhecer os sinais além da superfície, ele se torna um agente transformador, capaz de promover inclusão verdadeira e apoiar o desenvolvimento integral de seus alunos.

Investir em formação continuada, compartilhar experiências e manter um diálogo aberto com as famílias são passos fundamentais para tornar a escola um ambiente mais empático, acessível e sensível às diferentes formas de aprender e se relacionar com o mundo.

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📅 Data: 11de junho de 2025

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